Confesso que minhas expectativas diante de A Árvore da Vida (The Tree of Life, EUA, 2011) eram grandes. O trailer intrigante e de imagens belíssimas, a mistura filosofia/religião/família e Terrence Malick na direção, diretor recluso que, antes do retorno com o ótimo Além da Linha Vermelha (1998), havia mantido um hiato de vinte anos sem dirigir. Depois, dirigiu a versão repaginada de Pocahontas com O Novo Mundo (2005), que trazia Colin Farrel e Christian Bale.

 Rumores de prováveis indicações ao Oscar 2012 e a Palma de Ouro em Cannes aumentaram ainda mais a curiosidade diante de A Árvore da Vida. Centrado em uma conservadora família americana nos anos 50, o filme acompanha o rígido pai Sr. O’Brien (Brad Pitt), a doce sra. O’Brien (Jessica Chastain) e seus três filhos, interpretados por Laramie Eppler, Hunter McCracken e Tye Sheridan.

O mais velho, Jack (Hunter McCracken) vai chegando à adolescência e enfrentando de frente a inevitável perda da inocência daquele mundo, aparentemente, tão perfeito. Da delicada e submissa mãe às frustrações do severo pai, Jack passa seus dias em meio a esse universo que, deixam marcas profundas em sua vida adulta (Sean Penn), incluindo quando lida de perto com a morte.  


Com pouquíssimos diálogos, o filme se entrega a imagens estonteantes em uma impecável fotografia, dando ao público de bandeja a chance de analisar por si só os eventos que permeiam o filme. Contemplativo e com um ritmo lento, A Árvore da Vida é, por si só, um filme sobre a própria natureza humana. Com elementos que remetem desde 2001 – Uma Odisséia no Espaço (1968) de Stanley Kubrick ao Fonte da Vida (2006) de Darren Aronofsky, Malick esmiúça a vida humana em imagens impressionantes – porém extensas e cansativas – que vão de fenômenos naturais ao cosmos.

As frases de efeito aliadas aos detalhes e planos de câmera inteligentes fazem de A Árvore da Vida um filme difícil de digerir de um garoto perdido entre a poesia materna e a realidade paterna. Sem a empatia necessária, podemos nos sentir jogados em um universo de lembranças que não são concretizadas na vida atual de Jack (resta a Sean Penn fazer caras e bocas tristes em sua monótona vida de executivo brevemente mostrada). É o silêncio de Malick querendo dizer algo, mas que não deixa claro a que veio.


E nesse ambiente, ora onírico ora claustrofóbico dos O’Brien, temos toda a fragilidade e força da natureza latente e prestes a explodir, seja ela em si ou de sentimentos velados. Entre silêncios e a trilha de ópera e cantos gregorianos, planos de câmera mostrando o ser humano entre a grandeza e pequenez diante de sua existência, temos um epílogo de rendição apático, que não emociona.

Diante de tanto a dizer, Malick se perde em sua própria contemplação, se rendendo às imagens e filosofia de traumas familiares que tentam tocar o público e, na minha concepção, falham em sua concretude etérea. Não comove, não incomoda e não evolui.